Você já ouviu falar em treinamento do CORE? Descubra que treinamento é este, para que ele serve e se é eficaz para o praticante de musculação!
O treinamento do core (core training), mais um dos da era fitness, tem sido um dos principais métodos utilizados na atualidade para a elaboração de exercícios físicos nos mais diferentes cantos do mundo e nas mais diferentes academias e ginásios de musculação. Representando um dos treinamentos o qual promete saúde, boa forma e ótima capacidade física, o treinamento do core hoje pode ser considerado um dos treinamentos alternativos mais presentes entre os mais diferentes indivíduos praticantes ou não de musculação.
Apesar da relevância e da popularidade que vem ocorrendo nos últimos anos, o core training vem sendo constantemente criticado por alguns profissionais mais conservadores dos métodos básicos de treinamento, alegando a este certo grau de ineficácia, enquanto, por outro lado, a maioria de seus praticantes demonstra certa continuidade e interesse pela prática frente aos resultados que obtém. Mas, afinal, o que é o treinamento do core? Será que ele é realmente vantajoso e será que ele pode ser aplicado a quaisquer tipos de indivíduos? Seria ele mais uma inovação da era fitness somente para ludibriar seu consumidor e realizar uma jogada de marketing extremamente lucrativa? Pois bem, descobriremos a seguir…
O que é o treinamento do core?
Para entendermos o que é o treinamento core, devemos primeiramente entender o que é o “core” em si, que pode ser definido como uma unidade de 29 pares de músculos de suporte para a região pélvica, lombar e bacia, cada um representando sua específica função e todos, em conjunto, estabilizando essas regiões do corpo. Core 360º, portanto, pode ainda sofrer a definição básica de “os músculos que suportam o tronco” e auxiliam os músculos inferiores nesse suporte também. O core 360º por sua vez (uma volta completa em círculo) representa o “corpo inteiro” desde a região dorsal a lateral e, claro, ventral.
Sendo assim, nos torna óbvio que o treinamento do core promove um específico treino para essas regiões estabilizadoras, em especial visando o isolamento da extensão da espinha. Entretanto, diferentemente de outros exercícios resistidos básicos com pesos, o core training visa promover benefícios como o alinhamento adequado do corpo contra a gravidade, estabilização do centro do corpo e geração de força, sem promover significativo desenvolvimento muscular. Logo, frente a essa definição, fica claro entender o porque do core ser grandemente padroado entre o sexo feminino, afinal, imagine todos os benefícios de um treino de musculação convencional, sem promover um corpo musculoso. É o que todas ou em grande maioria das mulheres desejam… Porém, nem tudo ocorre bem assim, mas de maneira bastante oposta ao que se imagina…
O uso de implementos core na musculação
Não vejo problema algum na utilização dos mais diferentes métodos e equipamentos na musculação, desde as clássicas bolas suíças, às mais complexas máquinas de pressão eletrônicas e outros tantos. Aliás, foi através desse desenvolvimento de equipamentos que permitiu-se cada vez mais um trabalho específico para cada tipo de indivíduo. Apesar disso, esses não devem ser considerados como os fundamentos da musculação, uma vez que, em primeiro lugar, deixamos de abranger o grupo de pessoas as quais não tem possibilidades de utilização desses equipamentos e em segundo, fugimos do básico da musculação, que é o trabalho “cru”, “bruto”.
Em 2013, pela School of Physical Education & Exercise Science, College of Education, University of South Florida, foi um publicado um artigo de nome “SYSTEMATIC REVIEW OF CORE MUSCLE ACTIVITY DURING PHYSICAL FITNESS EXERCISES“. E quais foram as conclusões?
As atividades mioelétricas obtidas no estudo da região lombar são maiores com exercícios livres e básicos do que com exercícios em máquinas e implementos, devendo assim os educadores físicos darem preferência ao trabalho resistido com pesos livres. Esse achado dá-se por conta de que com trabalhos livres recrutamos uma gama maiores dos músculos alvo e estabilizadores, diferente da execução apenas do trabalho com músculos alvo em exercícios isolados.
Desta forma, exercícios, tais quais o e o são ótimos para a região lombar em termos de trabalho e não parecem haver exercícios melhores e mais completos, sendo DESNECESSÁRIO a adição de exercícios “do core” para acrescentar benefícios. O publicado nessa revisão também mostram que utilizar bolas ou implementos nos exercícios de CORE tradicionais de solo, NÃO aumentam a atividade do multífido lombar ou do transverso do abdômen.
De caráter multiarticular e sofrendo sobrecarga progressiva, os exercícios físicos livres com pesos utilizam carga externa, promovendo benefícios, tais quais o aumento da densidade mineral óssea, aumento de força, melhora na saúde cardiovascular, aumento da composição corporal.
Mas, então, devemos jogar o treinamento do core no LIXO?
Apesar da relevância que há na prática de exercícios livre, considerar o treinamento do core como algo que deva ser literalmente jogado no lixo não é lá uma coisa muito sábia. Acredito que, o ceticismo passa a ser algo frequente em indivíduos de uma única visão dentro de um determinado assunto, desqualificando as boas possibilidades que podem ser trazidas com outras questões. E, não poderia ser diferente neste tema, uma vez que SIM, o core pode ser um grande aliado à musculação clássica.
E, quando digo aliado, me refiro a um dos implementos e uma das ferramentas para um desenvolvimento melhor e mais completo. Não podemos desconsiderar que o treino core possa ser um aliado, mas também não podemos colocá-lo em um patamar a ponto de substituir o básico. Ter um grande carro com equipamentos é algo muito bom, mas ter grandes equipamentos sem um carro é ineficaz, ridículo!
Quantas são as vezes que vemos pessoas com ótimo desenvolvimento neuromuscular, com ótima estabilidade na respiração, com bom equilíbrio, mas com corpos aquém do ideal e mais, com condições musculares brutas bastante debilitadas? São aqueles mesmos indivíduos que conseguem ficar em pé sobre uma bola suíça por 50 horas, mas não conseguem erguer 15 quilos no supino reto, ou mais, já que é para valorizar o core, não conseguem fazer 2 repetições com o seu peso no levantamento terra. Patífio!
Entretanto, de que adianta termos belos corpos sem antes ter uma bela estabilidade? A grosso modo, podemos dizer que a estética final é o que contará e em grande parte isso é verdade, mas e se durante esse processo, você, por acaso adquirir lesões por falta de estabilidade ou até mesmo desenvolver problemas crônicos? Certamente isso não será bom e é aí que pode entrar a (e que de fato funcione, não é mesmo?)
O core pode promover benefícios os quais a musculação tradicional pode não favorecer tanto, como o trabalho de alguns músculos estabilizadores internos do abdômen, da região do tronco e outros. E não é a toa que hoje, cada vez mais alguns profissionais, mesmo seguidores da musculação clássica, estão se adaptando com alguns desses exercícios.
Os treinamentos, as máquinas e os pesos livres: Uma mescla necessária?
Cada vez mais, vemos o mundo fitness crescendo. Em seus diversos ramos, desde os físicos (métodos de treino, movimentos, técnicas etc), ao seu mercado de suplementação e nutricional e, óbvio as suas qualificações físicas com equipamentos, elaborando frequentemente uma inovação no mercado.
A verdade é que essas máquinas, em sua grande maioria, imitam o movimento livre, porém livrando o trabalho da maioria dos músculos auxiliares, o que pode trazer benefícios e desvantagens. Benefícios, como o melhor isolamento do músculo, a redução nas chances de lesões, algum tipo de contração específica etc. Porém, desvantagens, como a falta de estabilidade, deixada do trabalho de músculos auxiliares e estabilizadores, facilitação no movimento e outros também tendem a acontecer.
Obviamente, muito do treinamento do core propõe máquinas bastante caras e que podem ser consideradas ineficazes, enquanto a musculação tradicional até pode fazer uso de algumas dessas, mas ainda obtém bons resultados com os exercícios tradicionalmente livres. Esses exercícios por completo ativam a musculatura de maneira significativamente necessária, obtendo o máximo de seu trabalho, tão ou mais potente do que as máquinas.
Portanto, seja no treinamento do core ou no treinamento da musculação clássica, utilizar equipamentos e pesos livres é fundamental para a obtenção de resultados cada vez melhores. Saber combiná-los e usá-los na hora correta, é a chave para o sucesso.
Leia também:
Vídeo com um programa de treinamento core
Veja um vídeo que contém um simples programa de treino do core, que você pode realizar em sua casa mesmo para fortalecer os músculos do core e conseguir uma melhor estabilidade e benefícios já citados neste artigo.
Conclusão:
O treinamento do core pode não ser a principal diretriz para conquistar um bom corpo, mas sem sobra de dúvidas é um treino auxiliar e uma poderosa ferramenta para indivíduos que buscam desde aspectos relacionados com a saúde, bem estar e reabilitações até indivíduos que buscam a boa forma e, por hora um corpo perfeito.
Fazer um fortalecimento do core, pode ser uma boa diretriz para iniciar na academia, pois estes músculos tem um papel importante na prevenção de lesões, estabilização do corpo e podem auxiliar a você ter um corpo muito mais seguro para executar exercícios da musculação clássica.
Portanto fique claro que o treinamento clássico de musculação é muito mais vantajoso para se trabalhar força, músculos e até mesmo a estabilização do corpo de uma forma mais abrangente. Porém com o treinamento do core, conseguimos alguns objetivos mais isolados e mais específicos que não conseguimos com a musculação. Por isso saber aliar os dois, é fundamental.
Bons treinos!
Artigo escrito por Marcelo Sendon (@marcelosendon)
Postar um comentário