Conheça sobre a L-Glutamina, o que ela é, como usa-lá, suas eficiências e suas reais eficacias
A indústria esportiva está farta de suplementos os quais visam auxiliar as capacidades ergogênicas de atletas e esportistas incluindo pontos como a melhora na recuperação, o aumento de força, aumento de resistência, melhor capacidade de ressíntese pós-treino entre outros itens. Porém, além desses fatores ergogênicos almejados pela indústria de suplementos alimentares, estão os relacionados com a melhora à saúde, fazendo com que o sistema imunológico responda melhor a fatores danosos externos, a patógenos ou mesmo estresses mecânicos, como é o caso do treinamento. Esses suplementos também visam melhoras físicas, como os suplementos para articulações, suplementos para tendões entre outros.
Porém, sem sombra de dúvidas, um dos suplementos mais bem pensados e mais simples nos últimos tempos, frente a teoria de como se demonstra, foi a L-Glutamina, um aminoácido não essencial que está em maior abundância no corpo humano e que possui funções fundamentais para a manutenção de processos vitais ao corpo.
A L-Glutamina, quando necessária de suplementação pode ser considerada tanto um suplemento de aspecto nutricional, ou seja, um nutriente que o corpo necessita para manter suas funções adequadas de síntese bem como um suplemento ergogênico, visto que possivelmente é capaz de elevar pontos relacionados com a performance.
Apesar de todas essas características e possíveis benefícios, nos últimos anos, a L-Glutamina também tem sido alvo de inúmeras discussões. Um dos lados defende sua eficiência e outro, contesta sua eficiência no caráter ergogênico. Apesar disso, ambos corroboram das melhoras que ela pode trazer à saúde.
Mas, para que você possa entender melhor quais são esses pontos criticados e defendidos, bem como, traças um parecer sobre a real necessidade que você pode ter ou não de utilizá-la, conheceremos melhor esse aminoácido a seguir…
O que é a L-Glutamina?
A L-GLutamina, ou sua fórmula química C5H10N2O3, é um aminoácido que naturalmente é produzido pelo corpo humano, ou seja, faz parte dos aminoácidos não essenciais e é o que está em maior abundância também. Ela é normalmente armazenada nos músculos (mas pode ser armazenada nos pulmões, fígado e cérebro) e liberada na corrente sanguínea em momentos de estresse. Sua síntese é realizada através do ácido glutâmico, da valina e da isoleucina. Ela participa em inúmeras reações metabólicas e evidentemente é catalizada ou sintetizada a depender da via a qual está por enzimas específicas.
Entre as principais funções desse importante aminoácido no corpo humano está a manutenção do sistema imunológico, regulação do metabolismo proteico, controle de anabolismo e catabolismo, precursor de nitrogênio para a síntese de nucleotídeos, desintoxicação do nitrogênio e da amônia, controle no volume das células, ressíntese de glicogênio, controle do pH sanguíneo entre outros.
Entretanto, suas funções não superam a sua liberação nos momentos de estresse do músculo e é justamente por isso que ela é grandemente utilizada no cenário esportivo.
A L-Glutamina, o esporte e outros usos
Como você já sabe, os esportes em geral promovem desgastes físicos momentâneos e por um período de tempo pós-treino. Esse estresse naturalmente não é evitável e, na verdade, nem deveria ser, pois, através dele é que ocorrem os processos adaptativos que conhecemos no corpo. Esses estresses mecânicos geram danos não somente na musculatura em si, mas ainda, no sistema nervoso e também no sistema imunológico. Por um lado, o sistema neuromotor necessita de compostos que possam ajudar em seu reestabelecimento e, por outro lado, o sistema imunológico necessita de compostos para sua nutrição (nutrição de suas células). O metabolismo proteico elevado também, pela necessidade de sintetizar alguns tecidos e células, produz elevadas quantidades de amônia, que necessitam ser devidamente metabolizadas. Por esse metabolismo e por compostos gerados durante o treinamento, o sangue entra em acidose, ou seja, seu pH é reduzido.
O glicogênio também é depletado durante a atividade física e esse precisa reestabelecer seus níveis normais no período de recuperação.
E é justamente nesses pontos que a L-Glutamina entra em ação. Ela nutre o sistema imune, ela promove benefícios ao sistema nervoso central, auxilia na síntese de proteínas e ainda, auxilia na metabolização da amônia, tudo isso, contribuindo para a regulação do pH sanguíneo, que não pode ser alterado de maneira brusca. Ainda, auxilia na ressíntese de glicogênio que é fundamental, especialmente aos músculos, na recuperação.
Com tantos processos, ela age não somente nos músculos, mas, principalmente no tecido hepático, para as devidas metabolizações.
Por fim, a L-Glutamina não auxilia unicamente nos aspectos esportivos, ela ainda auxilia pessoas que estão com quedas imunológicas por doenças, cirurgias, entre outros estados clínicos, auxilia pacientes acamados que não podem se nutrir adequadamente, pessoas que estão suscetíveis a problemas de invasão de patógenos, entre outros.
Ela pode ser administrada tanto por vias orais (normalmente utilizadas por atletas e pessoas que buscam melhoras em sua saúde) como enterais e parenterais (para pacientes clínicos). Obviamente, cada aplicação deve ser orientada por profissionais da saúde e, considerando a nutrição parenteral, especificamente por uma equipe multidisciplinar.
A L-Glutamina tem eficiência?
Sem sombra de dúvidas a grande discussão a respeito do uso da L-Glutamina está em sua eficiência ou não eficiência.
De fato há decréscimos da glutamina após as atividades físicas, sejam elas quais forem, fazendo com que os níveis de ação do sistema imune tendam a ser diminuídas.
Estudos mostram uma grande controversa na eficácia da ingestão oral de L-Glutamina e sua eficiência. Por exemplo, Snow (2001) mostra que há uma eficiência no aumento dos níveis séricos de L-Glutamia frente a sua administração pós-treino intenso, inclusive, propondo melhores metodologias de uso. Por outro lado, estudos como os de Rohde T, et al. (1998) já mostravam que não há quaisquer alterações com o uso da L-Glutamina no sistema imunológico. Esses mesmos estudos demonstraram que nenhuma melhora na ressíntese de glicogênio ocorreu quando usada a L-Glutamina + Carboidratos ou o apenas carboidratos isoladamente.
Apesar das premissas que a L-Glutamina poderia auxiliar esportistas de força, aumentando sua e, claro, sua recuperação, Antonio J, et al. (2002) mostrou que isso não é real. Da mesma forma confirmou Candow D, et al. (2001).
Empiricamente, muitos esportistas e atletas relatam melhoras com o uso da L-Glutamina, especialmente no que diz respeito ao sistema imunológico e ao que se diz respeito ao uso contínuo em longo prazo da mesma.
Obviamente, todas essas controvérsias de resultados, bem como de empirismo nos fazem pensar a respeito do uso da L-Glutamina.
Afinal, a L-GLutamina é mesmo eficaz?
Ao nos perguntarmos sobre a eficácia da L-Glutamina, em teoria, a melhor forma e responder essa pergunta seria buscando fins científicos em pesquisas. Entretanto, com uma controversa nas informações, fica difícil um posicionamento.
Por hora, outra forma seria recorrer ao empirismo, mas, também vermos opiniões divergentes. Dessa forma, o que podemos concluir?
1 – A maioria das pesquisas divergem entre si, pois, são feitas com indivíduos em situações fisiológicas diferentes, necessidades diferentes e em doses diferentes, mostrando assim uma discrepância nos resultados obtidos;
2 – Se a L-Glutamina é eficaz para melhorar alguns problemas nutricionais, mesmo ingerida de maneira oral, como é refutada por alguns, por que não seria eficaz diante de sua utilização para atletas e esportistas que visam o aumento da performance?
3 – A L-Glutamina quando administrada oral, necessita de doses maiores, pois, há perdas nos processos de passagem pelo trato gastrointestinal. Muitos estudos utilizam protocolos com dosagens insuficientes de L-Glutamina.
4 – A maioria dos atletas e esportistas que não relatam efeitos benéficos (nem maléficos, claro), da L-Glutamina, não fazem uso contínuo ou em doses eficazes para que ela demonstre efeito. Normalmente, isso se deve ao fato do custo da L-Glutamina hoje no mercado.
5 – A maioria dos esportistas e atletas que relatam bons resultados com a L-Glutamina além de fazerem uso contínuo e em doses suficientes do aminoácido, possuem uma vida regrada, bons hábitos alimentares entre outros fatores associados a suas rotinas.
6 – Existem hoje muitas falsificações de produtos que “dizem ser L-Glutamina”, portanto, a qualidade do produto utilizado interfere diretamente nos resultados.
7 – Indispensavelmente a L-Glutamina não necessita unicamente advir da dieta, mas, de outras fontes, como derivados de leite, carnes (brancas, vermelhas, suínas etc), ovos, proteína hidrolisada do trigo entre outras. Portanto, não adiantará nada suplementar-se de L-GLutamina sem uma dieta devidamente adequada e quilibrada.
8 – A L-Glutamina por si só não faz milagres em nenhum ponto. Assim, é necessário que seu corpo tenha disponível os outros aminoácidos (essenciais e não essenciais) além de macronutrientes (vitaminas e sais minerais) e, uma devida hidratação.
Conclusão:
Contudo, chegamos ao ponto de que, de fato a L-Glutamina é de extrema importância ao corpo. Para alguns, apresentará bons resultados, para outros, não. Tudo dependerá das reais necessidades, das formas de uso e de hábitos alimentares e de rotina devidamente equilibrados.
É sempre importante considerar o auxílio profissional a fim de obter o máximo de resultados com esse e outros suplementos.
Bons treinos!
Artigo escrito por Marcelo Sendon (@marcelosendon)
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